Em 2000, no dia 28 de abril, 180 países participantes da Cúpula Mundial de Educação, na cidade de Dakar, no Senegal, assinaram um documento em que se comprometiam a não poupar esforços, políticos e financeiros, para que a Educação chegasse a todas as pessoas do planeta até o ano de 2015.
A participação do Brasil, que é um dos países signatários do documento final, não foi das mais felizes.
O então ministro da Educação não achava que a Cúpula era prioritária e acabou enviando uma representante em seu lugar. Nos dias que precederam as reuniões da Cúpula, cerca de 200 ONGs de todo o mundo ligadas à educação reuniram-se para pressionar as autoridades presentes. A sociedade civil organizada do mundo realmente queria participar. Somente um quarto delas tinha sido efetivamente convidada para participar dos debates. Sob pressão, a Unesco acabou abrindo a participação para todas as ONGs. O mundo estava muito interessado. O Brasil, não. Só três ONGs participantes eram brasileiras. Dos outros países da America Latina, não havia nenhuma presente.
Neste dia 28 de abril, mais do que comemorar o Dia Mundial da Educação, devemos lembrar dos compromissos assumidos para que a educação seja para todos. Tá certo que algumas reivindicações dos setores mais avançados de defesa da educação universal e de qualidade, como a obrigação de que cada país gaste ao menos 6% do PIB na área, não foram incluídas no documento, mas ele é bastante avançado. Se os governos cumprissem, de forma integral, os objetivos do "Marco de Ação de Dakar", certamente teríamos um avanço significativo na qualidade de educação, e de vida, dos povos.
Entre tantos compromissos, o documento de Dakar reafirma a concepção da Unesco para a área: “educação potencializa os talentos e o potencial de cada pessoa e prepara o educando para melhorar sua vida e transformar sua sociedade”.
O Brasil realmente avançou, nos últimos anos, no combate ao analfabetismo, na universalização do ensino fundamental, nas avaliações de seu sistema de ensino, no financiamento do ensino básico, na ampliação de vagas no ensino superior, entre outras coisas. Há problemas, mas temos melhoras. Onde o Brasil ainda insiste em errar é no equivoco de confundir educação e ensino. Muito pouco do que se faz em nossas escolas pode ser chamado de educação. O ensino, bancário, em que o professor 'deposita' conhecimento na cabeça dos alunos, faz pouco pelo futuro dos educandos. A educação precisa ser muito mais do que agir para o aluno aprender a 'aprender'. Uma educação de qualidade age, também, para o aluno aprender a 'fazer', a 'ser' e a 'conviver'. E, disso, o Brasil ainda está muito distante.
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